1. O que é que um psicólogo faz mesmo?
Depende muito da sua área de especialização. De uma forma geral, procura estudar e compreender a mente através da avaliação e observação do comportamento e das emoções, desenvolvendo técnicas e estratégias para prevenir, diagnosticar e tratar problemáticas psicológicas.
No essencial é alguém que, através do conhecimento científico, procura promover o bem-estar mental ajudando as pessoas a alcançar o seu máximo potencial.
Quando existir alguma questão que impeça o funcionamento “normal” e que não esteja a conseguir ultrapassar com o decorrer do tempo.
2. Quando procurar ajuda?
Existem momentos da nossa vida onde podemos sentir alguma dificuldade mais particular fruto de fatores internos (por exemplo medos) ou fatores externos (por exemplo fim de um relacionamento ou morte de alguém), no entanto, podemos procurar um psicólogo em qualquer momento da nossa vida onde consideremos esse apoio importante.
3. Será que vale a pena investir em terapia?
Esta é uma questão mais subjetiva e até filosófica. Na minha ótica, enquanto profissional e dos processos que já acompanhei e acompanho, diria que é um investimento dos mais valiosos pois não se perde com o tempo.
O autoconhecimento e crescimento pessoal têm um valor incalculável que ultrapassa em larga escala o valor monetário investido.
Se lhe perguntassem se vale a pena comer de forma saudável ou praticar exercício físico para prevenir doenças oncológicas, o que faria? Alguns talvez dissessem que iriam seguir esse estilo de vida, outros talvez ficassem apenas na contemplação desse facto e adiassem essas alterações para outra fase mais conveniente.
Na psicoterapia é necessário investir tempo, dedicar-se a pensar sobre si, experimentar e arriscar, alterar comportamentos. Tudo isto é exigente e requer uma consciência de que esse é um caminho válido para alcançar bem-estar e melhorar a sua vida.
4. Quando é que sei que encontrei um psicólogo indicado para mim?
É importante ter noção de que um percurso psicoterapêutico não é linear e não tem um tempo definido. A relação terapêutica é um dos fatores que contribui mais para o sucesso do processo.
Sentir-se confortável, respeitada, confiar no seu terapeuta são indicadores de que está bem acompanhada e são fatores essenciais para que as mudanças desejadas aconteçam.
Ao longo do percurso poderá ir reavaliando em conjunto com o psicólogo os ganhos que está a ter com a terapia e, caso sinta que não estão a corresponder às suas expectativas, exponha o que sente para em conjunto poderem encontrar novos caminhos ou até mesmo considerarem uma nova abordagem.
5. Um psicólogo vai resolver os meus problemas?
Não. Na psicoterapia a paciente/cliente não é passiva, como tal, ninguém vai resolver nada por ninguém.
O psicólogo irá ajudar a pensar sobre perspectivas novas, questionar, confrontar, ajudá-la a compreender-se e aceitar-se com os seus defeitos e qualidades. A pessoa é sempre responsável por si própria.
6. Que tipo de problemas são mais comuns em consulta?
Depende muito do contexto onde o psicólogo trabalha, mas na minha experiência de clínica privada são questões internas como a forma como a pessoa se vê, se relaciona, medos, inseguranças ou algo que acontece na sua vida e a leva a uma necessidade de adaptação que nem sempre é rápida ou fácil e, muitas vezes, gera sofrimento, como o divórcio, parentalidade, mudanças de trabalho.
7. O psicólogo pode contar os meus segredos a alguém? Há exceções?
Não, aquilo que é falado em consulta fica na consulta. Um dos princípios do código deontológico que rege a profissão é a confidencialidade, tendo o profissional de assegurar a privacidade e confidencialidade da informação a respeito do seu paciente/cliente.
As exceções existem e estão relacionadas com a existência de uma situação de perigo para a pessoa ou para terceiros (por exemplo: perigo de vida, perigo de dano significativo, qualquer forma de abuso ou maus-tratos a menores ou alguém vulnerável); quando existe uma equipa de trabalho com quem seja útil partilhar informação restrita no sentido de otimizar o processo de acompanhamento; quando por motivos legais seja solicitada alguma informação confidencial; quando o paciente/cliente é menor e os seus representantes legais também solicitem informações.
Em qualquer um destes casos, o psicólogo apenas fornece a informação estritamente necessária, informando sempre o seu paciente/cliente.
Camila Gonçalves Brito
Psicóloga/Psicanalista
CRP 06/162484